sábado, 2 de junho de 2012

Mensagem extraída do livro "Jesus no Lar", Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Neio Lúcio.

A Exaltação da Cortesia

À  frente  da  multidão  de  sofredores  e  desalentados,  relacionou  o  Mestre as  bem aventuranças, destacando, com ênfase, a declaração de que os mansos herdariam a Terra.
A afirmativa, porém, soou entre os discípulos de maneira menos agradável.
Tal asserção não seria encorajamento à ociosidade mental?
Se o Evangelho reclamava espíritos valorosos na sementeira das verdades renovadoras, 
como acomodar a promessa com a necessidade do destemor? Se o mal era atrevido e contundente, em todos os climas e posições, como estabelecer o triunfo inadiável do bem através da incapacidade de reagir, embora pacificamente? 
Nessas interrogações imprecisas, reuniu-se a assembléia familiar no domicílio de Pedro.
Iniciados os  comentários  edificantes da noite, entreolhavam-se os discípulos entre a indagação e a curiosidade.
O Divino Amigo parecia  perceber  os motivos  da  expectação,  em torno, mas  esperava, 
sereno, que os seguidores se pronunciassem.
Foi então que Judas, rompendo o véu de respeito que aureolava a presença do Mestre, 
inquiriu, loquaz:
— Senhor, por que atribuíste aos mansos a posse final da Terra? Os corações acovardados gozarão de semelhante bênção? Os incapazes de testemunhar a fé, nos momentos graves 
de luta e sacrifício, serão igualmente bem-aventurados?
Jesus não respondeu, de imediato.
Vagueou o olhar, através dos circunstantes, como a pedir-lhes a exposição de quaisquer 
dúvidas que lhes povoassem a alma.
Pedro cobrou ânimo e perguntou:
— Sim, Mestre: se um malfeitor visitar-me a casa, não devo recordar-lhe os imperativos do acatamento recíproco? Entregar-me-ei sem qualquer admoestação fraternal aos seus delituosos caprichos, a pretexto de guardar a mansidão a que te referiste?
O Cristo sorriu, como tantas vezes, e enunciou, calmo:
— Enganaram-se todos, naturalmente. Eu não fiz o elogio da preguiça, que se mascara de humildade, nem da covardia que se veste de cordura para melhor acomodar-se às conveniências  humanas. As  criaturas que se  afeiçoam  a semelhantes  artifícios sofrerão duramente os instrumentos espirituais de que o mundo se utiliza para reajustar os caracteres tortuosos e indecisos.  Exaltei,  na  realidade,  a cortesia  de  que  somos  credores  uns  dos  outros.  Bem aventurados os homens de trato ameno que sabem usar a energia construtiva entre o gesto de bondade  e  o  verbo  da  compreensão! Bem-aventurados os filhos  do  equilíbrio  e  da  gentileza que aprendem a negar o mal, sem ferir o irmão ignorante que os solicita sem saber o que pede! 
Abençoados  os  que repetem mil  vezes  a mesma lição, sem  alarde,  para  que  o próximo lhes aproveite  a  influenciação  na  felicidade  justa  de  todos!  Bem-aventurados  aqueles  que sabem tratar o rico e o pobre, o sábio e o inculto, o bom e o mau, com espírito de serviço e entendimento, dando a cada um, de conformidade com os seus méritos e necessidades e deixando os sinais de melhoria, de elevação, bem-estar e contentamento por onde cruzam! Em verdade vos digo  que  a  eles  pertencerá o  domínio  espiritual  da Terra, porque todo  aquele que acolhe os semelhantes, dentro das normas do amor e do respeito, é senhor dos corações que se aperfeiçoam no mundo!
Alívio e alegria transbordaram do ânimo geral e, de olhos fitos, agora, nas águas imensas do  grande lago,  o Senhor  pediu  a Mateus  encerrasse o fraterno  entendimento da noite, pronunciando uma prece.

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